segunda-feira, 17 de novembro de 2014

E quando uma pseudo-escritora, ofende uma grande parte das mulheres???

Corria o ano de 2010, o ano que eu estava "imensamente" gorda de grávida e recordo-me de existir alguma polémica em torno de uma crónica publicada no jornal Sol, de uma "senhora" que, segundo consta é escritora. 
Esta senhora embora publique livros, é mais conhecida pelos seus namorados jovens e a sua falta de respeito para com as pessoas. Esta falta de respeito está repleta em diversas crónicas que escreve e em tempo de antena, em que lhe dão a possíbilidade de comentar assuntos da actualidade. Ora esta falta de respeito é dirigida aos portugueses em geral, "aos parolos do interior que alugam um T-0 em Alfubeira e fazem tudo o que puderem para entrar nos lugares da moda", "às Gordinhas", entre outros alvos, que vindo de uma pessoa tão "bem", fica-lhe bastante mal. 

Hoje ao ler um post num blog sobre o que esta pseudo-escritora acha das gordinhas, resolvi também partilhar a dita crónica convosco e deixar-vos opinar sobre o tema. 


As gordinhas e as outras


“Serve esta crónica para retratar e comentar um certo elemento que existe frequentemente em grupos masculinos e que responde pelo nome genérico de ‘Gordinha’

A Gordinha é aquela amigalhaça companheirona que desde o liceu cultivava o estilo maria-rapaz, era espertalhona e bem-disposta, cheia de energia e de ideias, sempre pronta para dizer asneiras e alinhar com a malta em programas. Ora acontece que a Gordinha é geralmente gorda e sem formas, tornando-se aos olhos masculinos pouco apetecível, a não ser em noites longas regadas a mais de sete vodkas, nas quais o desespero comanda o sistema hormonal, transformando qualquer bisonte numa mulher sexy, mesmo que seja uma peixeira com bigode do Mercado da Ribeira.

A Gordinha é porreira, é fixe, é divertida, quer sempre ir a todo o lado e está sempre bem-disposta, portanto a Gordinha torna-se uma espécie de mascote do grupo que todos protegem, porque, no fundo, todos têm um bocado de pena dela e alguns até uma grande dose de remorsos por já se terem metido com a mesma nas supracitadas funestas circunstâncias. E é assim que a Gordinha acaba por se tornar muito popular, até porque, como quase nunca consegue arranjar namorado, está sempre muito disponível para os mais variados programas, nem que seja ir comer um bife à Portugália e depois ao cinema.

À partida, não tenho nada contra as Gordinhas, mas irrita-me que gozem de um estatuto especial entre os homens. Às Gordinhas tudo é permitido: podem dizer palavrões, falar de sexo à mesa, apanhar grandes bebedeiras e consumir outras substâncias igualmente propícias a estados de euforia, podem inclusive fazer chichi de pernas abertas num beco do Bairro Alto porque como são ‘do grupo’ toda a gente acha muita graça e ninguém condena.

Agora vamos lá ver o que acontece se uma miúda gira faz alguma dessas coisas sem que surja logo um inquisidor de serviço a apontar o dedo para lhe chamar leviana, ordinária, desavergonhada e até mesmo porca. Uma miúda gira não tem direito a esse tipo de comportamentos porque não é one of the guys: é uma mulher e, consequentemente, deve comportar-se como tal. E o que mais me irrita é quando as Gordinhas apontam também elas o dedo às giras, quando estas se comportam de forma semelhante a elas.

Ser gira dá trabalho e requer alguma diplomacia. Que o digam as minhas amigas mais bonitas e boazonas que foram vendo a sua reputação ser sistematicamente denegrida por dois tipos de pessoas: os tipos que nunca as conseguiram levar para a cama e as gordas que teriam gostado de ter sido levadas para a cama por esses ou por outros. Uma mulher gira não pode falar alto nem dizer palavrões que lhe caem logo em cima. Já uma Gordinha pode dizer e fazer tudo o que lhe passar pela cabeça, porque conquistou um inexplicável estatuto de impunidade.

Porquê? Porque não é vista como uma mulher? Porque todos têm pena dela? E, já agora, porque é que quando uma mulher está/é gorda nunca ninguém lhe diz, mas quando está/é magra, ninguém se coíbe de comentar: «Estás tão magra!?»

Como dizia a Wallis Simpson: «Never too rich, never too slim». E quanto às Gordinhas, o melhor é arranjarem um namorado. Ou uma dieta. Ou as duas coisas.” 
Crónica de Margarida Rebelo Pinto

O que acham desta crónica? Partilhem a vossa opinião.

2 comentários:

  1. Acho que a moça precisa de reajustar a medicação :) Sou do clube gordinhas e, apesar de tentar melhorar por questão de saúde, não me sinto menor que ninguém. Gordas ou magras o importante é gostarmos de nós, pelo que somos e quem vale a pena gosta também :)

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